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sexta-feira, 18 de março de 2011

"Caso Bethânia" tem dividido a classe artística

É muito ou suficiente? Essa é a polêmica que acompanha a autorização do Ministério da Cultura para que a cantora Maria Bethânia capte R$ 1,3 milhão junto à iniciativa privada para fazer um blog com 365 vídeos de poesia. O tema remete à discussão sobre para quê e a quem devem servir as leis de incentivo à cultura. Para alguns nomes do meio cultural, a situação é um extremo dentro de um universo que tem promovido a democratização dos investimentos, para outros, a respeitada e conhecida cantora não precisa de ajuda do governo para bancar seus trabalho.

"Nós do setor musical achamos muito estranho esse projeto, pois todo mundo que trabalha com Internet sabe que o custos dessa mídia não são elevados. É maravilhosa a ideia de a Maria Bethânia ter um blog, porque ela é uma artista fantástica, mas há uma defasagem muito grande entre objeto e valor do patrocínio", afirma o mineiro Vítor Santana. "( Se o projeto for aprovado ) vamos ver qual é a cara do novo ministério. Por enquanto, o MinC de Ana de Holanda vem priorizando ações do eixo, como Ecad e Rede Globo", acredita.

O compositor e fundador da Cooperativa da Música de Minas (Comum) Makely Ka, independentemente de ser contra ou a favor acredita que Bethânia teria como conseguir esse recurso diretamente na iniciativa privada sem a necessidade de isenção fiscal. "Ela tem um nome para isso e é reconhecida. Quanto ao valor, nem discuto, pois são 365 filmes de um minuto, que é equivalente a três longas em duração", diz.

Makely diz que o seu blog não tem custo, é de um provedor gratuito. "A plataforma do meu site também é gratuita ( Wordpress ), pago apenas o domínio cerca de R$ 200, mas é basicamente para divulgar a minha música. Para o site, eu entrei na Lei de Incentivo Estadual e não consegui. Eu tinha um projeto para desenvolver um site visando divulgar meu trabalho. Seria um canal para expor as minhas criações. A versão gratuita é mais limitada", diz, questionando o mecanismo das leis.

A diretora e fundadora do Ser Tão Teatro da Paraíba, Christina Streza lembra que todas as apresentações do grupo são gratuitas e em praça pública. "Tudo é divulgado em um blog, com toda a transparência. Já vencemos quase 15 editais, claro que menores, em torno de R$ 30 mil, e três grandes ( R$ 400 mil ) para um projeto gratuito em sete estados. São mais de 40 pessoas envolvidas, durante oito meses. No meu caso, no entanto, acho um avanço enorme em termo de políticas públicas, a gente vê que o dinheiro tem uma circulação para promover a arte".

Para Naná Vasconcelos, músico e compositor pernambucano, "se ela ( Bethânia) pode aprovar um projeto desse, eu também posso. A lei tem que ser a mesma para todos". "Se ela inscreveu o projeto é porque sabe que ele tem chances de ser aprovado", conclui.

Silveira Roccha

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