À beira da estrada que dá acesso à localidade, o agricultor Tarcísio Rocha, que esperava o ônibus que lhe levaria até Sobral, contou que nunca tinha visto uma situação igual ou pior a que está vivendo hoje. “Você vai encontrar muita gente sofrida e não precisa ir muito longe, basta atravessar a parede do açude”, disse. O açude a que se refere o agricultor é o Boa Vista, que, devido a cheia do ano passado, deixou centenas de família ilhadas.
Hoje a realidade é bem diferente. A vegetação seca que se mistura com a poeira provocada pelos carros que trafegam pela única estrada que dá acesso à localidade, além d a poluição da água do açude (que deveria abastecer as comunidades) deixam claro o que estas famílias terão que enfrentar até a chegada da próxima quadra chuvosa. “Se a gente pegar água deste açude e botar para ferver ela sobe umas bolhas e fica podre. Água boa só das cisternas, mas, mesmo assim, não vai dar para o ano todo”, reclama o agricultor Manoel Rodrigues Dias, morador da localidade de Boa Vista.
Ele e outras dezenas de famílias vêm sofrendo com essa situação. Para piorar, o único chafariz, que servia à comunidade, teve o fornecimento de água suspenso. “Nós estávamos indo pegar água num chafariz que fica aqui bem próximo, mas o serviço foi suspenso e nós não sabemos o motivo”, conta Manoel Rodrigues de Paiva, que passava pela estrada montado numa bicicleta com um balde d´água na garupa.
Avaliação
O problema da comunidade já é do conhecimento da Defesa Civil do Município. Segundo o coordenador do órgão, Jorge Vasconcelos Trindade, uma avaliação sobre a situação de cada morador está sendo feita, e algumas localidades já receberam a visita do carro-pipa. “Estamos fazendo um levantamento de toda a situação e vamos encaminhar um relatório à Secretaria Nacional da Defesa Civil”, disse Jorge Trindade, acrescentando que pelo menos 12 localidades já estão recebendo ajuda nesse sentido por parte da Defesa Civil Municipal.
Andando um pouco mais, chega-se à comunidade de Puba. Lá situação é amenizada por causa de algumas casas que contam com água encanada. Mas, mesmo assim, as pessoas têm que armazená-la por um longo tempo antes usá-la.
Boa vontade
“Dependemos da boa vontade das pessoas que têm água encanada e fornece um pouco para a gente. Se não for assim, temos que ir até Taperuaba, comprar água mineral”, disse a dona de casa Cristina Lopes.
Segundo a Defesa Civil do Municípío de Sobral, outras regiões situadas nos distritos de Aracatiaçu, Bilheira, Caracará e Patos também sofrem com a escassez de água.
Fonte:SPN
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