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terça-feira, 5 de outubro de 2010

1.178.631 cearenses não foram às urnas


Apesar da obrigação, votar não é um ato comum para 1/5 da população cearense. Ao longo dos últimos dezesseis anos, a média de abstenção tem oscilado entre 20% e 23% nas eleições para governo e presidência. Nos número de hoje, levando em conta o pleito do último domingo, isso corresponde a quase um milhão e duzentos mil eleitores. Os votos não dados correspondem, por exemplo, à soma de tudo que os sete candidatos a deputado federal conseguiram nas urnas.
A decisão de não sair de casa para votar é um comportamento, no mínimo, merecedor de análise por parte da Justiça Eleitoral. Os números comprovam que nem as chamadas institucionais na TV e no rádio nem a propaganda eleitoral gratuita nem o discurso moralizador da imprensa sobre a participação política têm sido suficientes para mobilizar tanta gente.
Os dados chamam atenção de imediato ao quesito obrigatoriedade do voto. Uma pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada em maio deste ano, mostra que o brasileiro está dividido em relação ao dever cívico. 48% dos entrevistados são favoráveis e 48% são contrários. Em relação à última consulta, feita em 2008, o apoio ao voto facultativo cresceu. A pesquisa anterior mostrou que 53% dos entrevistados eram a favor da obrigatoriedade. 43% eram contra.
O sentimento nacional ganha eco por aqui também. Em Fortaleza, o movimento Crítica Radical, formado por ex-parlamentares e até por uma ex-prefeita, prega o fim da obrigatoriedade do voto. Em manifestos públicos, sempre em locais de grande circulação de potenciais eleitores, os adeptos do movimentos bradam palavras de ordem dizendo: “Não Vote”. Para eles, a eleição não legitima a democracia.
Antes de discutir o fim do processo eleitoral é preciso reconhecer a deterioração da política enquanto espaço de emancipação humana. A corrupção, a compra de votos, os acordos nefastos, a troca impertinente de partidos, tudo isso agravou a imagem da instituição chamada política brasileira. Um instituto de pesquisa alemão comprovou o que todo mundo já sabe. Numa lista composta por vinte profissionais, apenas 11% dos entrevistados disseram confiar nos políticos brasileiros. Pior do que em 2009, quando o índice foi de 16%. Em ambas as consultas, a classe que acabamos de eleger ficou em último lugar.
Fonte:Jangadeiroonline

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